A beterraba é um tubérculo constituído por nutrientes essenciais, sendo uma fonte de fibra, folato (Vitamina B9), manganês, potássio, ferro e vitamina C. Tanto a beterraba como o seu sumo têm vindo a ser associados a inúmeros benefícios para a saúde, incluindo a melhoria do fluxo sanguíneo, redução da pressão arterial e aumento da performance. A maioria destes benefícios deve-se ao elevado conteúdo de nitratos.
Existiu um elevado debate sobre esta substância, com algumas pessoas a acreditar que estes seriam prejudiciais, podendo causar cancro. Contudo, este risco está associado aos nitritos presentes em aditivos alimentares, carnes processadas ou curadas(1–3).
A maioria do nitrato dietético (80-95%) encontra-se em frutas e vegetais. No nosso organismo os nitratos são convertidos em óxido nítrico, responsável por um conjunto de processos que leva ao relaxamento das células musculares das nossas artérias(4,5). Isto leva a uma dilatação dos vasos sanguíneos e a uma redução da pressão arterial(6). São vários os artigos que associam o seu consumo a uma redução do risco de doença cardíaca, levando a uma redução da pressão arterial em 3-10 mmHg durante um período de poucas horas(7–9).
Também na prática do exercício o seu consumo é promissor, apresentado a capacidade de aumentar a performance, particularmente durante exercícios de endurance. O aumento do óxido nítrico provoca um aumento da vasodilatação e reduz o custo do oxigénio durante o exercício(10). São vários os estudos que apontam para um aumento da performance em desportos como o ciclismo e a corrida(11–15).
O consumo de beterraba é bem tolerado pela maioria da população, com a exceção de indivíduos que apresentem historial de formação de pedras nos rins – uma vez que apresenta grandes níveis de oxalato, um anti nutriente que, presente em grandes quantidades, prejudica a absorção de alguns micronutrientes(16). Algo curioso associado ao consumo de beterraba é a cor da urina tornar-se vermelha ou rosa, algo que é perfeitamente normal.
Bibliografia:
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16. Chai W, Liebman M. Effect of different cooking methods on vegetable oxalate content. J Agric Food Chem. 2005;53(8):3027–30.
Por: André Carvalhinho: Nutricionista do clube de saúde Krush-it Coimbra, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº4562N e Joana Samora Santos: Nutricionista do clube de saúde Kalorias Torres Vedras, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº4309N.
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