FODMAPs (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols) cujo acrónimo significa oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis, são hidratos de carbono de cadeia curta com absorção particularmente lenta ou inexistente no intestino delgado, sendo fermentados por bactérias intestinais e resultando na produção de gases pelas bactérias que compõem a microbiota intestinal.
Incluem-se os oligossacarídeos que são açúcares conhecidos como fructanos e galactanos, os dissacarídeos que englobam a conhecida lactose, os monossacarídeos que incluem a glicose e a frutose livre e os polióis como o sorbitol, xilitol e manitol.
Em situações normais de saúde intestinal o processo de digestão e fermentação dos alimentos ricos em FODMAPs não envolve problemas ou mal-estar. No entanto determinadas pessoas – nomeadamente com diagnóstico de Síndrome do Intestino Irritável – beneficiam de uma dieta personalizada baixa em FODMAPs. A síndrome do Intestino Irritável é um distúrbio gastrointestinal multifatorial, que afeta entre 10% a 25% da população mundial.
Assim, uma dieta baixa em FODMAPs tem vindo a ser recomendada para pacientes com esta Síndrome no sentido de diminuir a sua sintomatologia. Estes pacientes podem apresentar sintomas como excesso de flatulência, diarreia, obstipação, distensão abdominal e cólicas. É fundamental que esta dieta seja feita com o acompanhamento de um profissional de nutrição, pois consiste em várias etapas. Começa pela eliminação dos alimentos ricos em FODMAPs da alimentação, conseguindo um controlo dos sintomas e posteriormente a reintrodução dos mesmos de forma gradual e controlada, através de um plano alimentar individualizado, de maneira a perceber a tolerância do paciente a cada alimento e determinando alimentos específicos que desencadeiam sintomas intestinais. Cada indivíduo reage de forma diferente a cada subgrupo de FODMAPs, com variações tanto no tipo como na gravidade dos sintomas.
É de sublinhar que pessoas saudáveis não beneficiam com uma dieta pobre em FODMAPs, pelo contrário, pois a adoção de uma dieta baixa em FODMAPs reduz os prebióticos e os substratos fermentáveis disponíveis. Isto faz com que possa ocorrer uma alteração negativa na estrutura e função da microbiota intestinal, com diminuição principalmente ao nível das bactérias benéficas com funções anti-inflamatórias e imunológicas para o organismo, nomeadamente as Bifidobacterium e Lactobacillus.
REFERÊNCIAS:
1. Fernandes M. et al. PAPEL DO NUTRICIONISTA NUMA DIETA RESTRITA EM FODMAPs. Acta Portuguesa de Nutrição (2020).
2. Martins A. et al. DISBIOSE INTESTINAL E SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL: EFEITO DE UMA DIETA BAIXA EM FODMAPS. ACTA PORTUGUESA DE NUTRIÇÃO 22 (2020) 38-41.
Por: Ana Leonardo: Nutricionista do clube de saúde Kalorias Quinta do Conde, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº3918N (analeonardo@kalorias.com).
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